Psicossomática é tema de PsiCULT na Oficina Cultural Grande Otelo

Oficina Cultural Grande Otelo
Frente da Oficina Cultural
O projeto será realizado nesta quarta, 21, às 19h30, na Oficina Cultural Grande Otelo, parceira do INPSI, que fica na rua Ramos de Azevedo, 277 (rua paralela à Av. Eugênio Salerno), com entrada gratuita. Será entregue certificado de participação. Convidados: Sérgio Hübner (médico e psicoterapeuta sistêmico) e Jeanine Panossian (psicóloga especialista em psicossomática psicanalítica). Informações: (15) 3224 3377.




REFLEXÕES:


“A palestra busca estimular a reflexão sobre as finalidades do adoecimento, conceitos de cura e de somatização através das pesquisas do médico e psicanalista argentino Luis Antonio Chiozza. Também será apresentado um exercício terapêutico com um caso clínico. Destina-se a todos profissionais da saúde, psicólogos e psicanalistas, como também àqueles que desejam compreender o processo do adoecimento e questionar os pressupostos que direcionam as diversas formas de tratamento”.
Jeanine Panossian
* Psicóloga clínica com especialização em Geriatria e Gerontologia pela Faculdade de Medicina de Jundiai e em Psicossomática Psicanalítica e, extensão em Obesidade, pelo Instituto Sedes Sapientiae, SP. Especialista em Psicoterapia Breve Operacionalizada e pós-graduanda em Psicoterapia Psicanalitica pelo Cepsi/SP. Professora do INPSI.


Doenças psicossomáticas- um olhar sistêmico  


“A vida criou uma estratégia maravilhosa para se perpetuar ao fazer com que adultos de espécies complexas, como os humanos, que vivem em bandos, cuidem de crianças, de doentes, de outros indivíduos que sejam importantes para a sobrevivência do grupo – o amor.
Os laços amorosos aproximam as pessoas e as mantêm próximas por muitos anos. Durante longos períodos compartilhamos processos de transformação, amadurecemos, criamos memórias em comum, narrativas. Esses vínculos amorosos criam uma linguagem complexa feita de gestos, afetos, sentimentos, palavras, ideias, crenças e projetos compartilhados, de tal maneira que ficamos conectados a algumas pessoas significativas. Elas ficam fazendo parte de nós.
Não somos seres isolados. Durante toda a vida a busca e manutenção de proximidade amorosa demandam um grande tempo e esforços de todos nós. Nenhum ser vivo pode ser separado de seu contexto; o peixe é o mar. Fora do mar o peixe é outra coisa, não é mais peixe. “Como pode o peixe vivo viver fora da água fria?” Vivemos imersos num mar de linguagens e afetos. A troca de informações entre o que me é próprio, o “eu”, e o meio ambiente, o “não –eu”, nesse mar de afetos e linguagens é incessante. Vivemos nosso tempo e nossa história nessas trocas, das quais extraímos sentido, construindo narrativas personalizadas do mundo. 
Somos tão conectados aos outros, que o que nos alimenta e mantém vivos pode também fazer mal. O primeiro relato de uma doença psicossomática vem dos tempos do antigo império chinês. Lá, as filhas eram prometidas em casamento por interesses políticos e econômicos. 
Era uma vez uma linda princesa, prometida a um nobre, que adoeceu gravemente e estava à beira da morte. Seu médico percebeu que seu pulso se acelerava quando um jovem da corte se aproximou, enquanto a examinava. Estava doente de amor! Não se sentia capaz de desobedecer às expectativas da família e seguir seu próprio caminho. O médico chamou a todos, comunicou que ela estava prestes a morrer, que só se salvaria se pudessem criar outra vida, e que deveriam conversar sobre o futuro sem sua filha tão adorável e obediente. Perceberam que deviam construir novas maneiras de se relacionar. Lavaram bastante roupa suja, que as raivas, as mágoas e mal entendidos são inevitáveis em qualquer relação duradoura. Reviram seus planos e hábitos, conversaram sobre o que os unia e pensaram se o que esperavam uns dos outros e da vida era de fato se tornarem plenamente realizados. Atualizaram conceitos e atitudes e foram felizes para sempre, até a próxima e inevitável crise de crescimento. É a primeira terapia de família que a história registra.
Uma das formas de se entender, abordar e tratar as doenças psicossomáticas é essa: elas surgem como resultado do estresse inevitável gerado pelas angústias e desafios do amadurecimento das famílias e pessoas. Todo amadurecimento é diferenciação, é construção de novas formas de estar no mundo. 
Metaforicamente, amadurecer é parecido com o que fazem siris e cigarras: desfazer-se do que aperta, do que impede o crescimento, do que limita as formas da vida ao já conhecido. Criar novas formas de estar no mundo é criar o mundo de novo! Inventar chances para experiências inesperadas, experimentar olhares para sentidos e narrativas desautomatizadas, arejadas, abrir-se ao novo, ao futuro, transformar-se- é a vacina para prevenir e curar as doenças psicossomáticas, cada vez mais presentes em nosso dia a dia”.
Sérgio Hubner
* Médico, psicoterapeuta sistêmico (Sistema Humanus), com formação em Psicodrama, terapia de família e casais, terapias de abordagem corporal e comunitária.

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