Funcionamento mental: desenvolvimento e integração

Por Leandro Barana

Melanie Klein (psicanalista austríaca) criou, a partir de seu trabalho com crianças e da observação do desenvolvimento emocional dos bebês, uma teoria que nos ajuda a compreender a origem e o desenvolvimento do aparelho psíquico. Além disso, nos ajuda a pensar no funcionamento mental que nos acompanha durante toda a nossa vida determinando nossas emoções, comportamentos e as diferentes formas de estarmos em uma relação. Sua teoria é composta por uma série de conceitos variados, coexistentes e muito dinâmicos que juntos compõem e servem como um belo modelo para pensarmos em todo o nosso funcionamento mental.

De forma muito breve, sua teoria diz que a princípio nosso funcionamento mental é desintegrado e, na medida e dependendo da qualidade das relações estabelecidas e construídas ao longo dos anos, há uma predominância para a integração. Este movimento não é linear, tem idas e vindas ao longo de toda a vida e a todo instante.

O estado de integração e de desintegração não são pontos de chegada e com garantia de permanência, entretanto, na medida em que amadurecemos temos condições de elaborar esses conteúdos no sentido de que predomine um funcionamento mais integrado que se caracteriza pela capacidade de amar e viver de forma criativa.

Klein definiu o funcionamento mental a partir de duas posições, a posição depressiva e a posição esquizo paranóide. Elas estão juntas e por toda a vida transitamos entre elas. Em suma, a posição esquizo paranóide corresponde ao estado de desintegração, a emoção predominante é o sadismo, ou ódio, que se manifesta em comportamentos destrutivos. E a posição depressiva corresponde ao estado de integração, a emoção predominante é a gratidão, ou amor, que se manifesta em comportamentos de cuidado e construção.

Leandro Barana

Merece atenção uma série de conceitos fundamentais e interligados que servem para esclarecer esse funcionamento mental a partir dessas duas posições, lembrando alguns: cisão, onipotência, negação/idealização, projeção, introjeção, realidade externa e interna, objeto interno e externo, amor x ódio, culpa, gratidão e reparação.

Leandro Barana é psicólogo
* Pós-graduado em Psicoterapia Psicanalítica
(Cepsi – USP)
* Pós-graduando em Psicoterapia Psicanalítica
(GEPCamp/IPA)
* Atendimento clínico e supervisão

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